Blasfémia

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Vagueio entre sepulturas da vida



Por entre a névoa que esfria a minha face branca



Os meus olhos seguem-te na solidão da noite…



Lua Cheia!



E o teu corpo jaz no esperar de um vale de sombras



Na lápide vinga o calafrio do mal dizer…



Desejo mórbido e frio



Percorre-me as entranhas



Em forma de gume…



Nos lábios, sinto arrepios



Desejo de ser dominada



Pelo inebriar dos meus sentidos!



Sente os meus seios



Já hirtos pela dor



Do cansaço feito partitura…



O coração sangra no indizível…



Salivo…



Lascivo beijo da urze que veste



Seres …



Outrora,



Mascarados…



Sorva cada parte da minha alma.



Rasga-me o negro véu que cobre o meu ser



Moribundo…



Servirei no teu cálice todo o meu ventre



Saciado



Por este pensamento



Tão profano…



Morrerei no fogo deste prazer



Nesta sepultura gélida



Decorada de ignorância



Tocarei minha intimidade cálida



Enquanto os negros anjos assistem



Nosso amor vai profanar esse santuário



Nesse mausoléu em que Demo habita



Um túmulo de mármore



Vai ser erguido!



Guardião dos mortos-vivos



Abandonados!



Sobre as sombras de um centenário de carvalho



O inverno irá desfolhar…



Irás secar entre as raízes da tua



Iniquidade!



Dominarei meus sacrilégios



Inseminarei nas entranhas a tua sorte!



CondessaOfDark







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Tu és poeta,

Eu serei um dia, ao acaso.

Basta te ter no mar e…

Para lá irei sem voltar:

Voltarei um dia…

quando esse mar for só meu,

te darei um bocadinho,

para fazeres um mar só teu.

Mostar-me o mar…

Esperarei ate o encontrar e,

juntos então partiremos dum lugar.

Aí onde os dois

mas ... só os dois

passaremos a nos amar...

Então sim esse dia

ficarei presa para sempre

ao teu olhar.

laraneses

Monologo

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- Quem és?

- Não sei

- Não sabes?!

- Não.

- Como é que podes não saber?!

- Não sabendo.

- Mas como?

- Assim... não sei.

- Tens de saber quem és!

- Não, não tenho.

- Porquê?

- Porque saber quem sou não me diz nada.

- Como não diz nada? Diz-te quem és!

- E o que é ser?

- Ser... é ser alguém!

- Mas eu sou alguém, só não sei quem sou.

- Não podes ser alguém sem saber.

- Posso.

- Como?

- Sendo.

- Sendo o quê?

- Aquilo que sou.

- Mas como podes ser o que és sem saber quem és?

- Posso não saber quem sou, mas saber o que sou.

- O que és tu?

- Eu sou tudo aquilo que quiser ser.

- Então sabes quem és.

- Não, apenas sei o que sou.

- E o que és?

- Sou tudo aquilo que quero ser.

- Não percebo."

- Não percebes porque não és o que queres.

- Sou.

- És o quê?

- Sou eu.

- O que és tu?

- Alguém.

- Não és o que queres?

- Sou um ser sem ser...!

laraneses

Ilusão

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Há algo muito complexo no meu silêncio

Há um vão entre este e o céu.

Ilusão, mais uma vez, tomando conta do meu ser imaturo

e a vontade de tocar as nuvens

Sensibiliza minhas palavras, que por um instante, não existem.

Há um pouco da criança que dorme, dentro de mim,

e o sonho das nuvens surge quando ela acorda.

Neste momento, seu rubro rosto desponta num sorriso

e eu, pequena adulta, dou espaço à maturidade da infante

que apaga da minha memória, brevemente,

os problemas que me atormentam.

O silêncio, em mim,

Transparece o sentimento mais resguardado,

um misto de volúpia e exactidão.

Hoje o silêncio toca-me.

Penso que a efemeridade do tempo não existe

quando o sonho é o âmago de viver.

laraneses

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Emoções em ondas de sal



Perfumados …

Paz ao entardecer

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A paz ao entardecer... Criação...


A cor sobre o universo!


sinto, bem fundo, a alma


querer gritar por essa beleza no olhar .



Faço, dessa paz, sublimação,


Inunda-se, então, no belo, submerso,


Vivo, assim, total transmutação,


Esqueço que o mundo é tão perverso.


E…


Projecto-te…





Poesia e Trab Darklady ©




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Para fazer a sinopse do meu calar?
Estudo a sintaxe da minha alma
Deixo a palavra encerrar-se,
Partir num bergantim.
Elas encontrarão o compasso certo da sinfonia.
Não há eloquência nesta melodia
A canção tornou-se um madrigal.
Há em mim, monossílabas,
Um solilóquio dessa língua cansada.



Não sigas os meus passos;
Eles não sabem onde vão.
Há aqui, um ventre seco;
Língua ferina e muita vontade de partir.
De quebrar os espelhos que não mostram mais a minha face.
Estou livre,
Louca,
Tenho pesadelos de mim mesma.
A bruma é densa e o meu percurso desconhecido!
Talvez eu encontre trilhas para o caminho;
Nem haja palavras para descrever.
Talvez não tenha havido desencontro;
Apenas o não-encontro.
O meu silêncio...

Vácuo dos meus grafemas esculpidos
Numa floresta devastada…



CondessaOfDark
®